Como passaram rápido estes 8 anos… E muitas coisas
aconteceram. Coisas boas e coisas más, mas tudo serviu para aprender alguma
coisa.
Sempre quis ter uma atividade em que eu pudesse esforçar,
divertir e gostar dela. No final de Setembro / inicio de Outubro do ano passado,
eu encontrei-a: Vólei. Queria muito mesmo entrar no Desporto Escolar e, infelizmente,
isso seria quase impossível. A equipa já era formada há não sei quantos anos,
eu era um zero no vólei e iria para lá só incomodar. Mas, como por milagre,
alguém apercebeu-se deste meu desejo. E na última Terça -feira de Outubro, vieram-me
perguntar “Não queres entrar para o vólei?”. Durante esse dia ouvi essa
pergunta 3 vezes. A primeira, pensei que tinha sido impressão minha. A segunda,
pensei que ela estava a brincar e ri-me. Na terceira, eu repeti-lhe a pergunta,
só mesmo para ter a certeza que tinha sido isso mesmo o que ela tinha dito. E
FOI!!! No próximo dia, fui ao treino com a intenção de assistir apenas. Eu não
sabia como os treinos funcionavam, não sabia se seria aceite na equipa, eu não
sabia nada. E quando entreguei o papel de inscrição pensei “É só isto? Já entrei?
É assim tão simples?”. Foi tanta novidade para mim que eu quase não aguentei!
Tivemos jogos. Dos oficiais, não ganhamos nenhum, mas foi possível
ter experiencias inesquecíveis, sentimentos e momentos que se eu nunca tivesse
entrado no vólei, não poderia viver.
De todos os treinos, só faltei em dois: um com o treinador e
outro sem (que foi durante as férias de Carnaval, se não me engano)
Ontem, tivemos o último treino, que foi sem o treinador.
Convenci duas raparigas a virem por ser o último treino. Quando chegamos, o
pavilhão tinha sido limpo e o funcionário disse que não poderíamos treinar. Mas
como queríamos muito, ficamos a espera e o chão não demorou a secar. No final,
eramos no total 5 pessoas. No entanto, nem montamos a rede nem nada, porque o
tal funcionário teve que sair cedo e, consequentemente, nós também. Ficamos só
a fazer passe em roda.
Ele também contou-nos
outras coisas, inclusive que vai deixar de ser o nosso treinador. Eu acabei por
chorar (como era de esperar). Tentei conter, mas não deu. Já em outras
conversas que o treinador teve connosco, eu estive prestes a chorar (eu sou
muito chorona, acreditem), mas eu tentava sempre conter. Mesmo agora que estou
aqui a escrever, caem lágrimas (tenho os olhos a arder). Na verdade, não sei bem
o que ele disse para me fazer chorar. Talvez foi tudo. Eu realmente adorei ter
entrado no volei, adorei mesmo! Mas sei que o percurso deste ano não chega nem
aos pés do que poderia ter sido. Eu sei. Se pudesse voltaria atrás e gostaria
de fazer tudo melhor. Mas é por isso que temos de dar o nosso melhor no
presente para que no futuro não termos o desejo de voltar ao passado para fazer
as coisas melhor. E talvez, não foi isso que aconteceu. Não culpo ninguém, a
não ser eu própria (é o máximo que cada um podemos fazer).
Todos nos
esforçamos, mas… não foi o suficiente. Tenho pena, muita pena mesmo, de talvez
sermos a ultima equipa do nosso treinador e de não termos tido a força
suficiente para puxar a corda que nos unia a ele e deixamo-lo afogar-se. Eu
sinto-me muito, mas muito mal quando desaponto as pessoas. Elas esperam tanto
de mim, fazem tanto por mim… Eu também tenho que retribuir!! Aconteceu isso
quando foi aquele caso de passadora. Fiquei muito triste comigo própria. Chorei
no caminho para casa e no banho. E agora… penso que poderíamos ter dado mais. (Sempre
podemos dar mais) Eramos a ultima esperança e deixamo-la escapar. Nem sei, nem
preciso saber, o que aconteceu com o treinador, mas deve ser muito revoltante (não
sei se é bem a palavra) e triste perdeu-nos aquele gosto incontrolável por uma
coisa… mas é claro, que a vida é muito curta, para focar-nos numa coisa só.
Apenas gostaria de ter deixado uma última boa lembrança para uma pessoa que ama
o vólei há 20 anos. Sinto muito por isso… Sentimos todos. Mas espero mesmo que
o treinador encontre ou reencontre a sua felicidade. ~Shiawase ni natte
kudasai~
Ao longo destes quase 8 meses, eu aprendi muitas coisas. Muitas mesmo. Foi tudo como eu imaginava ou sonhava? Não. Não, porque o que imaginamos ou sonhamos, foge, por muito que não queiramos, da realidade, mas foram 8 meses que ficaram marcados e que serão momentos inesquecíveis. Foi no vólei que encontrei o meu refugio, foi nele que busquei novos objetivos, senti-me como um bebé a aprender a andar, em que cada dia, era um passo para um novo descobrimento.
Eu nem sei se o treinador vai ler, mas resta-me apenas
agradecer por estes 8 meses: Muito obrigada por tudo e desejo-lhe boa sorte para o seu novo percurso.

