Nestes 3 meses de trabalho, aprendi muito. Não me imagino a ter tido um primeiro trabalho, se não este. Quando lá entrei, o patrão disse logo " Isto tudo é uma família. Tu és como uma filha para nos". Hoje sei que o que ele disse é realmente verdade. Todos receberam me tão bem.... Adorei muito ter trabalho em grupo. No inicio, tive muito receio de fazer algo errado e não gostassem de mim, mas hoje, não há nenhum dia que não me façam rir. Sinto como se estivesse em casa.
Os clientes também eram, na sua maioria, simpáticos, porque sempre há aquelas pessoas mal agradecidas, trombudas ou rabugentas. Quando eu dizia "obrigada" com um sorriso, eles devolviam-me também com um sorriso. Até passei a decorar o que os clientes levavam normalmente. Todos são pessoas que provavelmente nunca os vou voltar a encontrar, mas já que "apareceram" a minha frente, tentei fazer o máximo para que tenham um bom atendimento e que se recordem de mim, apesar de só nos termos encontrado uma, duas ou três vezes.
Seria bom se quando fossem a gelataria e eu já lá não estivesse, tentassem procurar-me e perguntassem a si mesmos: "E aquela rapariga?". Seria bom que tivesse alcançado e ficado nem que seja um pouquinho nos corações, tanto dos clientes como dos meus colegas.
Claro que não foi fácil aprender a fazer as coisas. E acreditem que eu fiz muita asneira. Quer dizer.... continuo a fazer!!! Há poucos dias, um crepe que eu estava a fazer, "voou " e foi parar entre a vitrine e a máquina de fazer crepes!!! Disseram: "Isto nunca aconteceu. Contigo acontecem coisas muito esquisitas".
Não será por um bom motivo, mas pelo menos não devem esquecer se de mim.
Amanhã não vou vestir o uniforme, não vou por o boné nem o avental, amanhã não vou ouvir "Boa tarde" de todos nem receber o murro da Lupy, não vou atender clientes e muito menos servir gelados, não vou sujar nem limpar a máquina de crepes, amanhã não chegarei tarde a casa.
Mas ainda tenho hoje.
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